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TODO DIA ERA DIA DE ÍNDIO

TODO DIA ERA DIA DE ÍNDIO

Pedagógico

Por Maria Luísa Silvestre

O Dia do Indígena / Dia do Índio na escola é parte da programação anual das instituições de ensino. A data é importante para valorizar as culturas que formaram nosso país. Falar dos povos indígenas é falar da natureza, riqueza linguística e cultural, resistência e diversos temas sempre atuais.

Os índios são os habitantes originários do Brasil. Quando os portugueses chegaram aqui, em 1500, havia índios espalhados por todo o território, divididos entre 1.000 povos diferentes  (estima-se que eram de 3 a 5 milhões de pessoas).

O dia 19 de abril é considerado como o “Dia do Índio”, e  a canção “Todo dia era dia de índio” é mais do que uma homenagem ao povo indígena brasileiro. Ela é uma forma de conscientização do desrespeito aos índios que existe até hoje e da mortandade que o “homem branco” praticou (e pratica) desde que ocupou suas terras.

UM POUCO DE HISTÓRIA 

      Durante o período de colonização, para que os invasores dominassem o território, os índios foram assassinados em massa. Muitos eram escravizados, e os que conseguiam escapar fugiam para o interior, enquanto o litoral ia sendo ocupado por povos estrangeiros.  

      Os verdadeiros donos da terra eram considerados como raça inferior, incapaz, destituída de alma e, comparados a bichos, podiam ser mortos. 

       Com o passar dos anos, tribos inteiras foram dizimadas.

     Somente em 1907, o Brasil, pela primeira vez, foi denunciado em um fórum internacional por massacrar seus índios. Este foi um dos fatores que levaram o governo a criar, em 1910, o Serviço de Proteção ao Índio, dirigido em seus primeiros tempos pelo Marechal Cândido Rondon, que era descendente de índios, e foi grande defensor da causa indígena, lutando por seus direitos.

        A Constituição de 1934 e todas as seguintes reconheceram o direito dos índios à posse das terras que habitavam tradicionalmente. A partir dos anos 1940 o interesse pelos índios se tornou mais forte entre antropólogos, sociólogos, etnólogos, historiadores, ambientalistas e filósofos. Figuras como Darcy Ribeiro e os irmãos Villas Boas fizeram muito para promover mais respeito aos índios, denunciando sua condição de opressão e salientando a importância das suas culturas.

       A esta altura, porém, a população total de índios havia caído para cerca de 120 mil indivíduos, e continuava em declínio.

      Na Constituição de 1988, previu-se o direito dos índios, individualmente ou suas comunidades. E ficou estabelecido um prazo de 5 anos para a demarcação de terras indígenas, que “são aquelas tradicionalmente ocupadas pelos povos indígenas do Brasil, habitadas em caráter permanente, utilizadas para as suas atividades produtivas, e imprescindíveis à preservação dos recursos naturais necessários para o seu bem-estar e sua reprodução física e cultural, de acordo com seus usos, costumes e tradições.” 

        Porém, na prática, a demarcação de terras indígenas nunca foi respeitada.

CONTINUA A TRISTE REALIDADE 

        O censo demográfico de 2010 realizado pelo IBGE constatou que havia no Brasil cerca de 817.963 indígenas. Desse total, 502.783 encontravam-se na zona rural e 315.180 habitam os centros urbanos.

         A verdade é que os poucos índios que restam nas matas continuam ameaçados. O agronegócio atual vem tomando suas terras. A mineração na forma de garimpo é vedada aos não-indígenas, mas garimpeiros clandestinos são comuns e envenenam as águas dos rios.

Aldeia de índios isolados, sem contato com a civilização, no Acre

ORGANIZAÇÃO DO MOVIMENTO INDÍGENA 

       A comunidade indígena, liderada pelo cacique Raoni e outros índios, como Ailton Krenak e Marcos Terena, atua na busca de seus direitos.

  A posse da sua terra é a maior reivindicação dos índios brasileiros. O objetivo da demarcação é garantir realmente a proteção dos limites da demarcação, impedindo sua ocupação por não-índios. A sobrevivência deles depende disso.

Cacique Raoni, uma das mais importantes
  lideranças indígenas do Brasil

É lei!

A Lei 11.645/08 determina: “Nos estabelecimentos de ensino fundamental e de ensino médio, públicos e privados, torna-se obrigatório o estudo da história e cultura afro-brasileira e indígena”.

Embora seja lei desde 2008, ainda há muito trabalho a se fazer no que diz respeito a valorização dessas histórias e culturas, essenciais para a formação do país.

Nesse sentido, é muito importante que as escolas atuem cada vez mais inserindo essas pautas nos processos de ensino-aprendizagem dos alunos.

A visão que ainda temos é muito estereotipada e não difere da imagem do “índio” construída desde os tempos coloniais.

COMO TRABALHAR O “DIA DO ÍNDIO” EM SALA DE AULA?

      A comemoração do “Dia do Índio” faz homenagem a uma ampla diversidade de povos que tiveram papel fundamental na formação cultural e étnica da população brasileira. Mas, além de trabalhar a contribuição indígena para a nossa cultura geral, como alimentação, vocabulário e artesanato, elementos que sempre aparecem nas comemorações nas escolas, precisamos falar com os alunos de todos os níveis sobre o direito à terra, direito à vida, direito à sobrevivência desses povos originários do Brasil.

       

Sugestão para os alunos da Educação Infantil e Fundamental I

         Apresentar  a música “Todo dia era dia de índio”, de Jorge Ben Jor e cantada por Baby Consuelo do Brasil, com vídeos mostrando as tribos, as danças, os seus adereços, os artesanatos, as comidas típicas. Na internet, há prontinhos vídeos lindíssimos com essa música sendo cantada. Importante que a atividade comece uns dias antes para as crianças aprenderem a letra e cantarem  junto com a apresentação do  vídeo. Ex.:  https://www.letras.mus.br/baby-do-brasil/365271/    

            Em roda de conversa, interpretar a letra, de acordo com faixa etária da criança, mas sempre discutindo os tópicos que são abordados na música:

Por que todo dia era dia de índio e agora é somente dia 19 de abril? Quem são os verdadeiros donos das terras brasileiras? Como os índios tratam a natureza? É do mesmo modo que os não-índios tratam? Por que os índios tinham “alegria de viver” e hoje têm um “canto triste”? 

        Esse bate-papo sobre a letra da música poderá, para os alunos das séries mais adiantadas (3º ao 5º ano), ser registrado por escrito. Em pequenos grupos, as questões acima serão respondidas como uma interpretação de texto. Eles também poderão ilustrar a atividade com desenhos de natureza ou outros de livre escolha. 

 Sugestão para os alunos do Fundamental II e Ensino Médio

          Convém passar também a letra da música “Todo dia era dia de índio” para eles cantarem junto com o vídeo e discutirem as ideias  que são apresentadas.

          Mas é possível fazer com essas turmas mais adiantadas debates e produção de texto baseadas em algumas informações, constatações ou opiniões. 

            ➤ Oferecemos 3 temas possíveis para ricos debates e posterior registro escrito:

O ÍNDIO E A NATUREZA     Respeito e equilíbrio caracterizam a  relação entre os índios e a natureza.  O relacionamento que também envolve o afeto com as matas, as montanhas, os rios e os animais faz com que os índios vivam uma relação mais próxima e sagrada com o meio ambiente, como se a terra fosse a grande mãe.
O ÍNDIO DEVERIA SE INSERIR AO NOSSO MUNDO? A CULTURA DELES É INFERIOR?   Todos os povos indígenas possuem modos particulares de se organizar e de ocupar os espaços em que vivem, utilizando, inclusive, calendários próprios. Seguem normas de conduta e regras próprias com base nas quais buscam viver bem entre si.
TERRAS PARA O AGRONEGÓCIO    A senadora Kátia Abreu, importante líder da bancada ruralista do Congresso Nacional, fala sobre os problemas derivados da demarcação de terras. Ela argumenta que os índios são poucos e suas terras grandes demais, roubando um espaço que poderia ser usado como área de cultivo ou pastagem para o gado, por isso a reivindicação dos índios é uma ameaça para a economia. A  exportação de grãos e de carne, em 2019, correspondeu a 43% do total, e vem gerando receitas anuais acima dos 90 bilhões de dólares.

     ➤  Oferecemos, ainda, a proposta de 2 livros curtos e de leitura fácil, mas de muita profundidade, que nos ajudam a entender um pouco da visão do índio em relação à natureza e ao planeta como um todo. As obras  “Ideias para adiar o fim do mundo” e “A vida não é útil”, ambas do índio Ailton Krenak, podem proporcionar  interessantes debates em sala de aula.

Algumas outras indicações:

  • Fala de bicho, fala de gente
  • Contos Indígenas Brasileiros
  • Kurumi Guaré no Coração da Amazônia
  • A Terra dos Mil Povos: História indígena do Brasil contada por um índio
  • Boca da Noite: Histórias que Moram em Mim
  • Tem Tupi na Oca e em Quase Tudo que se Toca
  • Descobrindo o Xingu
  • Um dia na aldeia

O mais interessante é não resumir a leitura de materiais da cultura afro-brasileira e indígena a datas comemorativas. Incentive a leitura durante todo o ano apresentando a diversidade brasileira.

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